Friday, June 23, 2006

Escaldão

Tenho a pele a escamar! É o meu primeiro grande escaldão (e o segundo ou terceiro da minha vida)! O primeiro “escaldão” que apanhei, por incrível que pareça foi na Suiça! Pois, em pleno Inverno, num spa que tem piscina de água quente (em Lavey-Les-Bains*), quando havia neve à volta. Havia neve, mas nesse dia, em Fevereiro de 2005, fazia sol, o dia estava bonito e eu fiquei morenita – primeiro um pouco vermelhita, mas rapidamente morena. A segunda vez também foi em Lavey que fiquei mais morena, já este ano, também no Inverno, em Fevereiro/Março. Destas duas vezes ainda compreendo, pois não tinha posto creme visto que estou todo o tempo (cerca de 2h30) dentro de água. Agora, na em Creta apanhei um verdadeiro escaldão, e tinha posto protector solar! (Percebo porque é que nos EUA há um grupo de advogados que vai processar uma série de empresas fabricantes de protectores solares!) Fartei-me de andar, como foi sempre na mesma direcção, com o sol por trás, fiquei com os ombros em brasa...

Bem, mas como todas as experiências há sempre que retirar os aspectos positivos (por mais dolorosas que as vivências possam ter sido); neste caso, além das boas fotografias que tirei pelo caminho e das paisagens e recantos que explorei, aprendi que o iogurte natural é um bom calmante e reparador da pele vítima do sol forte – segundo a senhora da recepção do hotel: “the natural yoghurt is the best!”.

*É um sitio espetacular para relaxar e consideravelmente barato para estudantes: 15 € por 3h, com acesso a piscinas exteriores aquecidas, com vista para a montanha (uma delas com água termal), piscina interior aquecida, saunas, sala de aromoterapia, ... Como ouvi uma vez um senhor a dizer, ao passar para o exterior, já dentro da piscina (tendo ao redor uma vista fabulosa de montanhas): “Magnifique!”.

Filosofias

Já que estamos numa de filosofia grega, aqui fica outra citação:

"Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens." – Pitágoras

E mais outra:

“The world is a stage, life a passage. You came, you saw, you left.” – Democritus

“Let him that would move the world first move himself”

Quando vou para o estrangeiro uma das coisas que gosto é de aprender a língua – acho que facilita a comunicação e mais facilmente nos aproxima da cultura e das pessoas nativas. Penso que é assim uma coisa mais de respeito e de cortesia. Claro que há países mais complicados, como por exemplo, em Amsterdam já não era fácil, mas aprender grego ainda é mais complicado (e nem vou referir o chinês ou japonês)! É que nem sequer usam o mesmo alfabeto que nós! Por isso, resolvi comprar um livrinho, daqueles guias de conversação rápidos. Deu para ajudar um bocado e para já consguir ler coisas em grego e, consequentemente, descobrir que depois de decifrado o código até há palavras semelhantes com o Português (claro, que o conhecimento ou descobertas “a posteriori” são sempre mais fáceis e parecem sempre mais óbvias).

Gostei bastante do que dizia na contra-capa do meu mini-livro*:

« Let’s get philosophical. As Socrates said, “Let him that would move the world first move himself”. Move yourself to say a few things, open this book. It’ll make a world of difference.»



* A acrescentar a referência do livro!

Atenas

A cidade amadrinhada pela Deusa da sabedoria é uma confusão! Creta já pecava pela miscelânia da arquitectura – é frequente ter uma parede de um edíficio antiquíssimo e histórico a servir de parade de uma casa-abarracada – mas Atenas consegue ser mais confusa e surpreendente. Ora ao lado do antigo Agora (que tem uma parte remodelada) passa um combóio de 10 em 10 minutos! E quando eu digo ao lado é encostadinho ao edíficio antigo e que foi remodelado!!!

As ruas são porcas; o pessoal conduz que nem louco (em Creta também); não usam capecete quando viajam de mota; há muitos carros; muita gente – 5 milhões de habitantes em Atenas, quando toda a Grécia tem cerca de 10 milhões, realmente é obra –; civismo não consta do dicionário deles (deve ser por ter lá nascido a democracia, esqueceram-se mais rapidamente dos ensinamentos dos Antigos, além de que “em casa de ferreiro, espeto de pau”). Como diz o LP: “faz lembrar Portugal aí há uns 10 ou 15 anos atrás”. A minha ideia geral da população de Atenas é “feios, porcos e maus”. São antipáticos e trafulhas – por exemplo, fui a uma patelaria; depois do empregado tentar por todos os meios não estabelecer contacto visual, para não ter de atender nenhum dos vários clientes que se encontravam na pastelaria, lá não conseguiu fugir do meu olhar insistente. Atendeu-me como se me estivesse a fazer um favor e a bufar; no fim, tentou dar-me uma nota falsa de 5€ (roxa!) de troco! Digo “tentou”, porque ele deu-me a nota e eu disse-lhe para trocá-la. Só gostava de ter sido um dia em que tinha tempo e não nos minutos antes de ir para o aeroporto. Se tivesse tido tempo, tirava foto da nota, devolvia-lha para me trocar e chamava a polícia! Infelizmente, o LP bufava do lado de fora – pelo calor e por estarmos em cima da hora para ir para o aeroporto.) Quanto a preços das coisas é frequente não estarem marcados e haver exactamente o mesmo produto na loja imediatamente ao lado por metade do preço (ou mesmo mais de metade do preço) – há que fazer uma ronda de inspecção e de sondagem de preços. Os mesmos artigos que havia em Creta a 10€ (exemplo: sandálias de pele) encontravam-se a 20€ ou 30€ ou mesmo mais em Atenas!

Atenas vale a pena pelos monumentos. O que resta deles continua a ser impressionante! Felizmente que estavam em obras e que parecem mais empenhados em restaurá-los.

Fartámo-nos de andar e não me lembro de beber tanta água na minha vida como nestes dias na Grécia. Acho que é devido ao calor que a maior parte do turismo em Atenas se concentra nos meses de Abril, Maio, Setembro e Outubro, sendo o mês de Julho o mais quente (segundo o senhor do hotel, em Atenas).

Chania (Creta)

Foi uma semana muito bem passada em Chania (na ilha de Creta) e em Atenas (o LP vai às conferências e eu vou dar umas voltas!). Gostei muito de Creta, especialmente porque conhecemos pessoal impecável! É óptimo estar num local e poder conhecê-lo através da experiência e visão de quem lá vive. Além do super-simpáticos e hospitaleiros, eram bem-divertidos! Há a salientar o Grigoris, Euripides e Spyros (pois, só rapazes, pois o LP foi a uma conferência relacionada com computação, e as raras raparigas que se conhecem geralmente acompanham os intervenientes na conferência, não participando directamente nesta). O Christos e Antonius eram mais tímidos, mas o Christos foi um bom tradutor do Grigoris em algumas circunstâncias. Conhecemos também um espanhol simpático – o Pedro – e que falava bem inglês! O Spyros e o Antonius foram o “comité de boas-vindas” no aeroporto, para evitar que fossemos defraudados com os taxistas (uma verdadeira Máfia na Grécia). O Grigoris, como conhece toda a gente (e quem não conhece, passa a conhecer rapidamente), conseguiu arranjar mesa para o nosso grupo – devíamos ser uns 12: Grigoris, Christos, Euripides, Pedro, Felix (alemão), Ben (francês), 2 coreanos, Spyros, e Antonius, LP e eu – num bar bonito e concorrido. Com o Euripides fomos até uma praia mais distante, menos concorrida (menos turística; é cerca de 1h de carro de Chania), onde conhecemos ainda um casal amigo dele (Haris e Cristine). Depois da praia, fomos até um local a cerca de 15 km de Chania (mas na outra direcção, para Este), nas montanhas, um local típico, onde comemos a melhor refeição de todas (incluindo as posteriores em Atenas, que foram todas de menor qualidade que qualquer uma das de Creta).

Como se pode ver, pela longa descrição, o que gostei mesmo foi das relações humanas*!

Ok, a paisagem em Creta também é bonita... O mar é soberbo (límpido, tonalidades de azul e verde fantásticas, mais quente que no Algarve, mais salgado o que permite boiar muito mais facilmente, sem ondas, enfim, uma maravilha!). Tem montanhas, onde neva no Inverno. Predomina o amarelo na paisagem, pintalgado de verde, das oliveiras que se encontram até junto à praia. Na zona de Heraclion (onde não tive oportunidade de ir, mas onde o LP esteve o ano passado também para uma conferência) existem ruínas do tempo dos Micónicos.

As pessoas em Creta são mais simpáticas que em Atenas (o que não é difícil visto que em Atenas são mesmo rudes e mal-educadas). Há a salientar o pessoal do hotel** impecável e prestável e um restaurante que até nos ofereceu uma garrafinha de raki (espécie de aguardente/bagaço da Grécia). Em Creta, as sobremesas não se pagavam, nem o raki, pois traziam uma garrafinha e as sobremesas no final da refeição sem ninguém pedir.

Facilmente passavamos por gregos – em Creta era frequente começarem a falar-nos em grego! Os nossos amigos, explicaram que eu passava bem por grega, mas que ao LP faltava o estilo (seja ele qual for...). Percebi que para eles, dizer que eu parecia grega era um elogio (é que nunca se sabe...).



* Hoje fiquei mesmo feliz com o mail que recebemos do Grigoris – aqui fica um excerto:

I really enjoyed your company and although we met each other only for a small period of time, I feel you very close to me.” – é como Pessoa diz: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem” e permito-me acrescentar: também se deve à espontaneadade e genuinidade com que acontecem, com o que as pessoas estão dispostas a dar, a entregar-se.

** A cadeia “Best Western” parece ser boa, em Atenas e em Creta fomos bem recebidos e tratados em ambos os hotéis (claro que muito melhor em Creta, mas também era bom em Atenas).

Yia sas*!

Estou de volta, depois de uma semana na Grécia! (Bem, já voltei na 3ª feira, ao final do dia, mas só agora voltei ao blog.)

O regresso ao trabalho é sempre complicado, sobretudo porque volto a partir por uns diazitos para visitar Portugal :). O problema maior é que depois de umas férias são necessárias mais férias, para se descansar das férias que se teve! Fenómeno que a Física (Lei da Inércia) e a Psicologia poderão explicar bem.

Para uma ideia fotográfica dos dias em que estive ausente do blog, mas presente na Grécia, aqui vai:
http://smv.unige.ch/~pedro/gallery/main.php?g2_view=core.ShowItem&g2_itemId=3438


*Olá, em grego

Tuesday, June 13, 2006

Palavras caras

No dia do “jantar português" fui até ao restaurante com o Etienne, pois fomos os únicos a sair da Faculdade e ir directamente para o restaurante (os outros foram lá ter - a pé ou de bicicleta). No caminho íamos a falar, ele a contar o percurso académico dele (Economia à Ciências da computação à estudante de doutoramento em Psicologia), etc. A certa altura utilizei a palavra “imparcial” (impartial). Ele elogiou o meu francês, ao que retorqui a dizer que não era lá muito bom, mas ele contra-argumentou referindo que eu usava palavras “caras”, que não eram utilizadas por toda a gente. Como não gosto de manter as pessoas na ignorância e muito menos que fiquem a achar uma coisa que não sou, lá lhe expliquei que “imparcial” também se usa em português e que o que tinha feito era empregar a palavra em francês (com o sotaque francês). Ele defendeu: “Sim, mas mesmo assim, sabes que essa palavra se utiliza!”. Ao que elucidei: “Bem, saber de certeza, não sabia – experimentei. Agora já sei que também se usa!" :)

Visage de Feu

Hoje (12 de Junho) fui pela primeira vez ao teatro, na Suiça. Fui* à estreia de uma peça de uma amiga (a Kirsten) – a vida tem destas coisa: não pude ir à estreia da peça do Ruben, mas surgiu a oportunidade de ver a da Kirsten.

Gostei. Embora não tivesse percebido algumas partes do diálogo (o meu francês ainda não é assim tão bom) dava para perceber o contexto e adorei o conceito e originalidade da peça. A originalidade prendia-se sobretudo em o grupo de teatro amador (que ensaia na minha Faculdade) ter arranjado forma de inserir todos os participantes (12) para uma peça com apenas 5 personagens! O engenho arranjado foi cada personagem ser representada por mais de uma pessoa, estando geralmente todos (ou a maior parte) dos actores/actrizes em cena. Explicado em palavras talvez não dê bem para perceber bem, mas resultou bastante bem em palco.

O grupo ensaia desde Outubro, pelo menos uma vez por semana, tendo ensaiado todos os dias na última semana antes da estreia (onde é que eu já ouvi isto?!). Também já representaram a peça em Lausanne, num festival de teatro, em que ainda tinham um grupo maior – logo mais pessoas para cada personagem!

Descobri também que a minha Faculdade tem um espaço excelente para teatro – tem mesmo uma sala com as infra-estruturas (é uma pequena sala de teatro). E a Kerstin (que também foi ver) disse-me que ainda há uma sala para espetáculos de dança, cheias de espelhos, tendo ainda um piano de cauda! Recursos não faltam!

Ah! E a entrada na peça era gratuita. No final tinham um bidé (a sério, era mesmo um bidé!) à porta, onde as pessoas podiam deixar um donativo, caso quisessem.

Foi bom “matar saudades” do teatro com esta “Visage de Feu”…



* Não fui sozinha. O LP também veio assim como a Kerstin e a Tatjana quando comentei com a Kerstin que iria hoje à estreia e se ela não quereria vir. A Judith (colega de doutoramento da equipa de Psicologia Diferencial, no gabinete contíguo ao meu) também se juntou a nós quando lhe sugeri para vir – pareceu-me que ela iria ficar a trabalhar durante o resto da noite e sempre era um serão mais agradável o ver uma peça de teatro, com colegas, mesmo que não percebesse bem tudo o que seria dito na peça.

Viver, com “V” grande! (aliás, VIVER em maiúsculas!)

Hoje (12 de Junho) ao ligar-me ao MSN tive o aviso que tinha uma mensagem nova da Maria. Fui ver rapidamente, pois não tenho notícias dela há já uns tempos. Estava ainda a abrir o mail e já estava ela a falar comigo, via MSN, a dizer que me tinha enviado um mail! Foi engraçado isto acontecer em tempo real – ela em Inglaterra, eu na Suiça, mas nem parecia!

Fiquei mesmo contente pelo mail que ela me enviou – é um forward – mas como ela não é de mandar forwards, era porque este era importante e significativo. (Eu também só costumo fazer forwards do que acho que interessa às pessoas, não costumo enviar só por enviar – há que ter em atenção o conteúdo e a quem ele poderá interessar). Na realidade identifiquei-me logo com ele – está de acordo com conversas que tivemos (tanto ela e eu, como o Ruben e eu).

Aqui fica o texto que me fez ficar contente por VIVER e que acho que vale a pena partilhar:

“Para os que morrem todos os dias, ou os que morremos um pouco de vez em quando:

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala a quem não conhece;

Morre lentamente quem faz da TV o seu Guru ou quem evita uma paixão, quem não segue os seus impulsos e prefere tudo a preto e branco e os pontos sobre os “is” a um remoinho de emoções, justamente os que não resgatam o brilho de um olhar, um sorriso de um bocejo, e quem tem medo de corações aos tropeções e de sentimentos;

Morre lentamente que não atira os papéis ao ar quando está feliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez ao dia fugir dos conselhos sensatos;

Morre lentamente quem não viaja, não lê, não ouve música, quem não acha graça a si mesmo, quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar, quem passa os dias a queixar-se da sua má sorte ou da chuva incessante, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em suaves prestações recordando sempre que estar vivo exige mais que simplesmente respirar.

Se vais enganar, que seja o teu estômago, se vais chorar que seja de alegria, se vais mentir que seja sobre a tua idade, se vais roubar, que seja um beijo, se vais perder, que seja o medo, se tens fome, que seja de amor, e se é para ser feliz,... que o sejas todos os dias!”

Pablo Neruda

Sunday, June 11, 2006

Gravidade

Ia eu a caminho da lavandaria na cave* com um molho de roupa. O molho era considerável (sobretudo lençóis) e estava no elevador quando me lembrei que me tinha esquecido do tira-nódoas! Toca a parar o elevador e voltar ao 5º andar, entrar em casa e buscar o tira-nódoas. Já com o tira-nódoas e com o molho ainda em braços, lá voltei a descer. Pelo caminho, de elevador, notei que o molho de roupa tinha descaído e embora não parecesse pesado, custava a mantê-lo na posição inicial (acima da cintura) – ou seja na posição com que tinha saído com ele de casa da primeira vez. Foi curioso, pois lembrei-me das grávidas. Pensei que deveria ser assim que elas deviam sentir a barriga: no inicio o “altinho” devia manter-se acima da cintura e não deve pesar muito, mas depois vai descaindo e tornando-se cada vez mais pesado! E de quem é a culpa? De quem é? Da força da gravidade! Ah pois é!

(Ok... não se deve procurar culpas, muito menos apenas em causas externas... Pronto, talvez ajudasse eu ter uns músculos mais fortes e bem definidos nos braços e ter uns braços mais longos!).



* Pois, isto de viver num T0, com uma mini-cozinha, não dá para ter máquina de lavar-roupa; mas até temos sorte porque o nosso prédio tem uma lavandaria no sous-sol; o maior inconveniente é que só temos direito a ela de 15 em 15 dias, aos Sábados.

10 de Junho

Hoje é dia de Portugal – bem, parece que o nome correcto é Dia de Portugal, Camões e das Comunidades. Mas para mim, este dia ainda é mais importante por ser o dia de aniversário do meu pai. É também dia de aniversário de mais dois amigos meus (e de certeza que de muito mais gente). Para mim também é assinalável por ser a primeira vez que me lembre que não estou com o meu pai no dia de aniversário dele. Não sei se a ele lhe faz muita diferença, mas a mim faz… Não é só o não estar no aniversário do meu pai, mas também de outros membros familiares (tios e primos), não estar para a estreia da peça do Ruben (e também do Paulo, do Zé, da Rita e dos outros elementos envolvidos; mas digo “do Ruben, por ser a sua estreia em teatro-amador); não poder estar nas festas de Lisboa ou na Feira do Livro… Isto da distância física implica a gestão de uma série de coisas, pessoas, situações, de datas e do seu significado idiossincrático. Ok, acho que também isto faz parte de crescer (por isso é-me tão fácil compreender o Peter Pan).

“- Para que serve a água?” (09/Junho/2006)

Num programa da RTP Internacional, acerca das empresas responsáveis pelo abastecimento de água nas zonas de Oeiras e Amadora, perguntaram a uma menina “Para que serve a água”. A resposta foi clara (como água):

“- A água serve para beber, especialmente quando estamos com sede.”

Thursday, June 08, 2006

Caixas eléctricas (1)

Pela cidade de Genève existem coisas engraçadas...* Uma delas é as caixas de electricidade (penso que é isso que devem ser) estarem decorados!

Vou começar por mostrar as primeiras fotos de algumas que fui tirando... Ainda hei-de conseguir apanhá-las todas (ou não... mesmo que não corram mais depressa que eu, escondem-se melhor :P). As primeiras fotos foram tiradas à noite, numa das noites em que regressavamos a casa após uma jantarada – posteriormente, colocarei no blog uma versão diurna dos ditos objectos.

O que é mais curioso é que acho que as pinturas têm relação com o local onde estão colocadas!

* Ok, pela de Lisboa também, e talvez por todas as cidades e lugares do Mundo, Universo e mais além, só é preciso estar com atenção :).



Em Plainpalais:

Plainpalais possui um terreno enorme (conhecido pelo mesmo nome) onde não é permitido construir nada de definitivo (por exemplo, prédios ou casas para a habitação). Parece que foi um rico benemérito (ou um benemérito rico?) que doou esse grande terreno para que fosse usado pela população, sobretudo para lazer. Por exemplo é o local destinado aos circos, feiras (tipo Feira Popular), etc.. Tem uma zona permanente de parque infantil e de rampas especiais para skaters. Todas as terças e sextas-feiras há mercado de frutas e legumes, em bancas ao ar-livre; e todas as quartas-feiras e Sábados é o “Marcado das Pulgas” – espécie de Feira da Ladra e Feira de Cascais (em muitíssima menor escala), misturadas – isto numa das partes que possui um vasto corredor arborizado.

Actualmente, um movimento (sobretudo de pessoal brasileiro) conseguiu que durante o Mundial de Futebol se instalasse um êcrã gigante neste espaço e vai haver concertos e animação. (A inauguração é hoje e daqui do gabinete, consegue-se ouvir a cantoria!).

Planpalais fica entre a Uni-Mail (minha Faculdade) e a Uni-Dufour (Faculdade do LP); em termos mais gerais fica entre Bel-Air e Carouge.


a) Os animais, as estrelas e o senhor com o fato característico representa o circo; circo que tem ponto assente nesta praça.


b) Esta parece de pessoal em batalha. Talvez tenha havido aqui alguma batalha famosa? A ver se investigo...


c) Os carrinhos-de-choque são uma das muitas atracções de uma Feira Popular. O “Luna Park” é a feira popular que eu já vi por duas vezes neste espaço.

La maison rouge


Para o caso do pessoal não reparar logo na cor da casa, ou caso o transeunte seja daltónico, a placa anuncia: "La maison rouge". Mas será mesmo "rouge", não é assim mais para o cor-de-tijolo escuro? Posted by Picasa

Tuesday, June 06, 2006

“La mémoire de mes souvenirs”

Outra frase que me fez bastante sentido – esta lia na capa de um livro, na montra de uma livraria (era o título de um livro de Claude Frochaux). A maior parte das coisas que tenho, que me ofereceram ou que adquiri evocam-me algo, alguém, situações… São excelentes pistas de recordação! As memórias das minhas recordações são realmente bastante poderosas.

"Ma vie a changé, pas moi!"*

Uma frase dita por uma miss (a sério!) e que me faz bastante sentido! Acho que mesmo com as diversas mudanças que vão ocorrendo, que eu vou sentindo, que vou descrevendo, considero que o central, o essencial, nuclear, da minha pessoa se mantém. Como diria o Ruben, as “idiossincrasias” – aquilo que nos torna únicos entre os demais – mantêm-se :).



*Lauriane Gilléron – Miss Suiça 2005

Yet another long weekend*

A verdade é que não há muitos feriados em Genève, mas ultimamente eles têm aparecido mais concentrados – e também ajuda a ter essa ideia quando escrevo os posts escrevê-los todos de seguida mesmo que se refiram a datas diferentes.

Este foi mais um fim-de-semana prolongado (feriado: 5 de Junho = Pentecostes). Antes de sair na 6ª feira, a Kerstin pôs-me a par de alguns planos que tinha em mente: Sábado à tarde ir ver o Sebastian a jogar frisbee no torneio; à noite ida ao cinema; Domingo, pic-nic à tarde se o tempo estivesse bom, aproveitando a vinda do namorado dela para o fim-de-semana.

Sexta-feira ao final do dia fomos ver a casa da Tatjana em Carouge, porque ela vai fazer pós-doutoramento para Chicago e, como tal, vai deixar a casa dela (que é maior que a nossa) e estava à procura de pessoas interessadas em ficar com a casa, de modo a que ela recomendasse essas pessoas à régie (imobiliária). Depois da visita guiada ao T1, seguimos a todo o vapor para um jantar com o Vasco, Patrícia, Bruno (aluno de mestrado do Vasco), Matteo, Maja, Levi e Magda, no “Chez Lopes”, perto de nossa casa. Após o jantar, às 23h, passámos para o “La Bodega”, com Vasco, Patrícia e Bruno – o resto do pessoal tinha coisas para fazer (Matteo e Maja iam viajar, no dia seguinte) e a Magda e o Levi tinham de se ir deitar, porque a Magda trabalhava no dia seguinte de manhã. Eu lá expliquei que não havia coche que se transformasse em abóbora, e mesmo que houvesse isso só acontecia à meia-noite, por isso ainda tinham algum tempo… Pronto, mas não fui suficientemente persuasiva, nem tentei sê-lo…

Sábado foi para dormir até mais tarde; ir às compras; e cinema à noite para mim e futebol (Portugal-Luxemburgo) para o LP. Fui ao cinema ver “Ae Fond Kiss”, com a Kerstin, Christopher, Tatjana, primo da Kerstin e namorada dele. Domingo o tempo permitiu o pic-nic e foi engraçado: vieram também o Etienne e a Tanja B. com o bebé e o marido. Pessoal simpático, saladas estranhas, mas boa-vontade e boa-disposição em fartura. Segunda-feira ficou-se por casa, ver filme, muita leitura (estou a um terço do final de “O Código da Vinci”, tendo começado a lê-lo na 6ª feira, à noite/madrugada), pôs-se coisas em ordem: fotos e blog, essencialmente.

Como se pode ver até temos tido uns fins-de-semana sociáveis e preenchidos :)



*Mais um fim-de-semana prolongado – o título em inglês deve-se ao que algum pessoal de informática costuma ter no MSN, tipo YADL (“Yet Another DeadLine”).



Fim-de-semana prolongado (31/Maio/2006)

Pois é, houve outro fim-de-semana prolongado em Genève.

Foi feriado na 5ª feira e também não vim na 6ª feira (como todos os meus colegas). Na verdade ainda pensei em vir, mas como não consegui dormir na 5ª feira à noite, era um bocado estúpido vir de directa, não havendo nada de importante! Por isso dormi um bocado de manhã (o LP a levantar-se para ir jogar badmington e eu a deitar-me para ver se descansava a vista). À tarde fomos até St. Genis-Poully, em França para tratar de uns papéis do Nuno (papéis que ele já tinha tratado e que em Portugal não aceitaram). Fomos ainda a um Centro-Comercial (que por aqui não são muito comuns, não abundam como em Lisboa), em Val-Thoiry e ainda ao IKEA – o local mais barato para jantar fora :), embora fique a cerca de meia-hora de distância de Genève.

Sábado fomos a Les Diablerets – uma zona conhecida pelas pistas de ski e sobrelotada no Inverno, pelos amantes dos desportos na neve. Nesta altura estava super-calma, com muitas lojas fechadas, com os teleféricos em manutenção (e como tal encerrados ao público até meados de Junho). Ainda havia neve na montanha e há medida que subimos mais um bocado (dos 1000 m até aos 1500m) apareceram blocos de gelo inteiros junto à estrada!

5ª feira ficámos por casa, a ver série 24 (a primeira season – o Sérgio emprestou-nos os dvds) e cinema (X-Men 3) à noite; Domingo, também em casa a ver série 24 e a trabalhar. Na realidade, os extremos do fim-de-semana serviram mais para pôr o sono em dia.

Longe da vista, mas perto do coração

Lembro-me de ter uma conversa com um amigo, há cerca de um ano, em que defendíamos posições opostas quanto à temática de “relações à distância”. Ele defendia que uma relação à distância não sobreviva, eu acreditava que existem vários tipos de distância e que se for só distância física que exista, embora seja bem difícil de gerir pode ser ultrapassada… Ainda hoje não sei se ele acreditava mesmo nisso, ou se me estava só a “picar”…

É curioso a quantidade de pessoas que vivem relações à distância (física) – é mais fácil apercebermo-nos disso quando vivemos essa situação ou temos pessoas próximas a viver essa realidade. Aqui, em Genève, tomei conhecimento de diversos casais nessa situação.

O LP (antes de eu vir, e consequentemente, eu própria); o Nuno antes de ter regressado recentemente para Lisboa. A Kerstin, a Sylvia e a Tatjana que têm os respectivos namorados na Alemanha. O Etienne tem a namorada em Londres e o Sebatian tem a sua em Bruxelas. A Tanja B. é casada com um sueco, que está habitualmente na Suécia a trabalhar enquanto ela está em Genève (nestes últimos meses ele tem estado em Genève, em licença de paternidade). Ah! E a Maria (na Inglaterra) que tem o namorado no outro lado do Mundo (em Singapura)!

Se vai durar/resistir ou não, nunca se sabe de antemão e há certos riscos que acho que valem a pena ser corridos, sobretudo quando não há (praticamente) nada a perder e tudo a manter se se arriscar. Como vi uma vez na série de TV Ally McBeal: “O amor é o único jogo que perdemos por não jogarmos.”*


* Uma frase semelhante é atribuída a Erma Freesman: "O amor é o único jogo no qual dois podem jogar e ambos ganharem.", em http://www.conselhonet.com.br/frases.htm


P.S.: Reparei agora que me centrei nas relações amorosas-românticas, mas a verdade é que a distância põe à prova todas as relações, incluindo as de amizade; mas também as relações de amizade e familiares se revestem de amor (ou pelo menos deviam). Quando se ama verdadeira e incondicionalmente a(s) pessoa(s) permanece(m) junto a nós, pelo menos, em memória – e fisicamente sempre que possível numa das curtas passagens e encontros no mesmo tempo físico e espacial. Acredito que a distância física possa contribuir para uma mudança na qualidade e na intensidade da relação, mas duvido que a consiga enfraquecer de modo a esta ser apagada ou esquecida. Bem, um assunto delicado e complicado e que penso depender, sobretudo, do envolvimento e esforço de ambas as partes envolvidas.

Jantar português

A partir do “núcleo-duro” constituído na sexta-feira de frisbee (Fim-de-semana desportivo – parte 1), decidimos que haveríamos de fazer mais qualquer coisa juntos. Parte da conversa nesse dia tinha sido sobre Portugal. Na semana seguinte enviei-lhes via email uma lista de restaurantes em Genève, a que tinha ido e com comentários. As respostas foram todas no mesmo sentido: temos de ir juntos e experimentar um português!

Visto que se reunia consenso, faltou só marcar o dia. O jantar ficou marcado para 4ª feira (24 de Maio, véspera de feriado aqui). Decidimos (Kerstin e eu estender o convite a mais pessoal: Etienne, Sylvia, Nicolas, Michael, Frjdhof (amigo comum da Kerstin e Kirsten, foi através dele que elas se conheceram; a Kirstin está a fazer o doutoramento em Física), ... Para o jantar fomos seis: Kerstin, Kirstin, Sebastian, Sylvia, Etienne e eu. Os outros não estavam disponíveis e o LP achou que era melhor eu ir só com “o meu pessoal” – noutra altura, ou até mais tarde, mais à noite, ele podia juntar-se a nós.

O jantar foi divertido, foi no “Capa Negra”. Demorou-se uma eternidade a decidir, pois muitas das comidas não tinham a tradução. Depois eu explicava em inglês, francês e entre eles, eles ainda se explicavam uns aos outros (Kerstin, Kirsten, Sylvia e Sebastian) em alemão! Uma Torre de Babel interessante e divertida! Claro que ainda houve pelo meio pequenas lições de português (e, consequentemente, das outras línguas), isto é, como dizer aquela palavra em português e qual o correspondente noutra língua. Houve ainda oportunidade de explicar alguns costumes, tradições; o porquê de “capa negra” enquanto “imagem de marca” dos estudantes universitários; tradições académicas, tunas, …, e mais outras curiosidades acerca da gastronomia e/ou cultura. Foi bem divertido!

Depois do jantar, deixámo-nos ficar por mais um bocado. O snack-bar foi-se transformando em bar/discoteca, com a música bastante alta e com passagem de algumas músicas dos Da Weasel – claro que aproveitei logo para fazer publicidade. O Etienne ficou interessado e entretanto até já lhe arranjei vários tipos de música portuguesa de diversos grupos.

Cerca das 23:30, decidimos mudar de poiso. A Kerstin tinha de ir embora porque no dia seguinte – às 6h da matina – tinha comboio para Frankfurt (70º aniversário de uma tia = garnde festa de família). O Etienne também não podia ficar porque a namorada chegava no dia seguinte. Kirsten, Sylvia, Sebastian e eu fomos para um bar, o Café de Lys. Um bar acolhedor, onde nunca tinha ido. Por lá ficámos a falar mais um bocado. A Sylvia acabou também por se ir embora, por estar cansada. E os últimos resistentes deixaram-se ficar até à hora de fecho do bar, à conversa sobre variados temas, incluindo os percursos académicos e profissionais até ao momento. Destacou-se o espanto que o Sebastian expressou pelo meu actual rumo académico (de investigação), quando anteriormente eu tinha exercido intervenção clínica e comunitária. Acho que em cerca de meia-hora lá deu para lhe explicar o porquê da mudança. (Pois, eu sei, meia-hora… mais coisa, menos coisa… Sim, dava para demorar menos tempo, mas gosto de dotar as pessoas com informação, de modo a que elas as possam trabalhar da melhor forma. Claro que depende das pessoas com quem falo e na capacidade que acredito que elas possam ter de escuta, atenção e de livre arbítrio, ou seja, pensarem por elas próprias, chegando às suas próprias conclusões – o que se pode fazer com mais precisão se se dispuser de mais informação.)

Mais um final de dia e noite bem passado :) No entanto, deu umas saudades grandes das saídas em Lisboa e da animada noite lisboeta… (Sobretudo durante os 40 minutos que demorei a pé de Plainpalais até casa – é que depois das 2h já não há transportes públicos. O Sebastian ainda se ofereceu para me acompanhar até casa, mas ele estava visivelmente cansado, de bicicleta pela mão para me acompanhar a pé e a casa dele fica noutra direcção, como é meu costume, recusei. O caminho faz-se bem, os transeuntes não se metem; passam carros da polícia; e sempre dá para ir tendo alguns momentos de nostalgia privados, enquanto ando que é algo que gosto bastante de fazer).

Fim-de-semana desportivo – parte 2

No Sábado (22 Abril), para continuar a onda desportiva (ainda não estou completamente convencida que não tenha sido um plano para me assassinar lenta e dolorosamente, tendo em conta a minha adoração pelo desporto…), o LP sugeriu e insistiu para irmos dar uma volta de bicicleta.

Lá fomos nós subida acima, descida abaixo (para fazer um bom uso dos pleonasmos). A verdade é que no inicio foi muita subida acima até chegar a um miradouro em que dava para ver Genève e o jet-d’eau. Bonito, mas a caminhada até lá foi um bocado dolorosa (sobretudo no inicio). Depois, era a descer e plano e até foi bem divertido!

No fundo eu até nem desgosto completamente de desporto, só preciso de ser fortemente incentivada – quase obrigada – resmungo uma boa parte do tempo, mas no final até acabo por gostar!

O passeio de bicla (ou vélo, como chamam às bicicletas por aqui) foi até produtivo, sobretudo em termos fotográficos :)

Foi uma maneira saudável de terminar o fim-de-semana (pelo que dizem, pois eu continuo a achar que o desporto é bastante perigoso e que o pessoal acaba por se magoar muito mais do que se estivesse sossegadinho). Pronto, no fundo foi bem divertido, ambos os dias.

A ver se dá para repetir, tanto o frisbee, como a bicla. Quanto ao frisbee, este fim-de-semana houve um torneio aqui em Genève; entre nós não tem dado para jogar porque o tempo meteorológico e os afazeres de cada um não têm dado para se conjugar. Relativamente à bicla, ao tentarem roubar a bicicleta mais pequena e melhor para eu andar (o LP tem duas*), acabaram por estragá-la (pelo menos o braço do pedal) e ainda temos que nos dedicar a arranjá-la brevemente.

*O LP tinha uma e comprou a do Nuno (quando este voltou para Lisboa).


Fim-de-semana desportivo – parte 1

Sexta-feira, 21 de Abril, a Kerstin convidou-me para ir com ela e com o Sebastian até ao Parc de la Grange, para um pequeno pic-nic e para jogar frisbee. Ela tinha ficado a trabalhar em casa nesse dia (era um – o último – dos dias de férias da Páscoa). Eu estava na Faculdade. Como era mais para o final do dia, aceitei ir lá ter. O LP ao final da tarde também ia jogar badmington com os colegas.

Assim, cerca das 18h lá fui eu ter com eles. Estava também uma outra rapariga – a Kirsten – e uns amigos do Sebastian que ele tinha acabado de encontrar no parque. Estivemos a lanchar/”pic-nicar” todos juntos e depois a jogar um bocado de frisbee. O frisbee é o disco, aquele disco que geralmente se vê o pessoal a jogar na praia, sobretudo com cães (pelo menos, era esta a ideia que me salta logo na mente – tipo pop-up). Na realidade, o frisbee é um desporto! Com regras e tudo! A sério, há sete jogadores de cada lado, com defesas, atacantes (tipo basketball). Esta revelação surgiu quando o Sebastian estava a explicar técnicas de lançar o disco e eu lhe perguntei porque tanta técnica, ao que ele se aproximou e disse: “Se tiveres um defesa assim próximo de ti, é um bocado difícil lançar o disco se só o fizeres de uma maneira…” (A posição que ele tomou era como os defesas no basketball que gesticulam os braços para não deixar mover quem está na posse de bola/disco. Senti-me menos ignorante porque quando soltei um “Ah!” de exclamação e de pasmo, este foi acompanhado pelo mesmo som emitido pela Kerstin e Kirstin (são nomes diferentes, embora as duas sejam alemãs). Senti-me mais acompanhada na ignorância e o Sebastian foi elevado a nosso instrutor pessoal na estratégia de jogar frisbee.

Depois do jogo (e depois de nos irem avisar que o parque ia fechar, às 21h) decidimos ir beber um copo a qualquer lado. Acabamos por ir até à “La Bodega”, um bar giro, em Eaux-Vives (zona onde moro e onde fica o Parc de la Grange). O Sebastian tinha levado cartas e ainda nos entretivemos a jogar um bocado. Foi complicado, porque para a maior parte dos jogos cada um sabia um bocado das regras, mas nada completo! Acabámos por jogar a um que é o “Mentir et trisher” (“Mentir e enganar”). Eu ainda ganhei alguns jogos, exactamente por fazer o contrário do que era suposto: nem menti, nem enganei – deitei sempre as cartas que devia (mesmo naipe ou mesmo valor); o pessoal desconfiava e acabavam por levar o monte todo!

Como já eram cerca das 23h, a fome começava a apertar e a “La Bodega” é um local caro, decidimos ir andando para casa. Foi um fim de tarde extremamente divertido, bem-passado, em boa companhia e, sobretudo, diferente. A ver se não me esqueço de pedir as fotos à Kerstin.



* Jogo em que o baralho é distribuído pelos participantes. O que começa deita uma carta (ou esta é uma do baralho inicial que é logo posta na mesa?). O seguinte deve deitar uma carta que tenha ou o mesmo naipe ou o mesmo valor. Essa carta é deitada de face para baixo, podendo não corresponder nem ao naipe nem ao valor, pois a ideia é livrarmo-nos de todo o nosso baralho. A qualquer altura um jogador pode dizer que desconfia da carta deitada pelo último (desde que o seguinte ainda não tenha posto a sua) – se estiver correcto o “mentiroso/enganador” leva todo o molho na mesa; se se enganar, quem desconfiou erradamente é que leva o molho.

Monday, June 05, 2006

Mudanças

Por volta desta altura faz um ano em que houve várias alterações na minha vida. Alterações essas que se repercutiram em vários aspectos. No fundo, as mudanças permitiram novas experiências, novas amizades, o ampliar de relações já existentes e o iniciar novas… Enfim, experiências que levam ao crescimento e evoluções contínuas que pretendo para mim, enquanto ser humano. Claro que as mudanças implicam sempre uma parte dolorosa e não é só maravilhas, mas VIVER implica tudo: o bom, o mau, o menos bom, o assim-assim, o branco, o preto, o cinzento e todas as outras cores possíveis e imaginárias…

Um grande bem-haja a todas e a todos com os quais me tenho cruzado e àquelas/àqueles que fazem parte (integrante) da minha vida, e sempre o farão (quer seja pelos melhores ou pelos menos bons motivos), mesmo aquelas/aqueles que não estão (ou não têm estado) tão presentes: muito obrigada por todas as experiências, desafios, alegrias, tristezas, “cicatrizes”, que ajudaram a tornar-me naquilo que sou.

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa



(A artista – que concebeu e realizou o quadro – é a minha irmã!!!)


Feira do Livro

Mais um aspecto de que sinto falta… Acho que é o primeiro ano em que não vou à Feira do Livro de Lisboa :(

Espero que o Daniel e o Ricardo estejam a aproveitá-la bem e que a desfrutem por mim também!

Friday, June 02, 2006

Lobo-mau

Ainda no espírito do Dia da Criança e nas histórias da nossa infância, chega uma notícia-bomba! O lobo-mau continua à solta na floresta! E até os serviços secretos andam a vigiá-lo: ora reparem no jacto que voa no céu... não, não é o passáro preto, mas sim o traço branco deixado pelo jacto.



[Foto tirada a 22 Abril, durante um passeio de bicicleta.]

Le Petit Train Electrosolaire

Lá que é um combóio e que é pequeno, lá isso é verdade... Mas acho que o “petit” se refere também à força motriz que o põe a andar, ora vejam com atenção o tamanhinho das pequenitas e esforçadas crianças que o empurram! Por isso, quanto a “electrosolaire” tenho as minhas dúvidas :P






[Fotos tiradas a 22 Abril, no final de um passeio de bicicleta.]

Dia da Criança

Aqui deixo o meu apontamento sobre este dia especial. Para isso começo por utilizar a frase (já deveras conhecida) que a minha mãe me enviou num lindo postal*:

“Grande é a Poesia, a Bondade e as Danças… mas o melhor do Mundo são as crianças!” – Fernando Pessoa

O efeito das drogas tem destas coisas… o pessoal exagera… Eu diria que uma das coisas melhores do Mundo são algumas crianças – pois existem outras crianças que faz favor! Pronto, à parte a brincadeira, acho que é um dia de extrema importância por exaltar coisas boas. Até o Telejornal é mais positivo e ouvem-se frases bonitas ditas por crianças sorridentes. Uma das frases mais bonitas foi dita por um menino africano (angolano?), acompanhada por um sorriso também ele lindo (embora creia que ele e as outras crianças africanas retratadas não tivessem assim tantos motivos para sorrir, mesmo assim faziam-no!): “Uma criança é uma flor.” Acho que é uma bela metáfora, que engloba características mútuas tanto de crianças como de flores, como: a vida, a beleza, a espontaneidade, a necessidade de cuidado, carinho, atenção e, acima de tudo, como conseguem fazer sorrir e fazer sentir melhor as pessoas.

Em Genève não me parece que façam nada de especial para celebrar esta data. O Sérgio disse que nas Escolas não fazem nada para assinalar o dia; e o meu colega Nicolas, que é pai de um menino com quase um ano (faz para a semana), nem fazia ideia que hoje era o Dia Mundial da Criança. É curioso, no local onde está sediada a Unicef, a única manifestação que vi foi o terem posto bandeiras da instituição ao longo da ponte de Mont-Blanc (a ponte onde costumam estar bandeiras a assinalar dias especiais, ou apenas bandeiras de Genève ou da Suiça). E nem eram todas da Unicef, intercalavam com bandeiras da cidade de Genève – pois… calma lá com as manifestações, sobretudo se forem a favor de denunciar as injustiças perpetradas contra crianças ou estiverem a favor da protecção e defesa de Direitos Humanos!


A propósito de Direitos Humanos, defesa destes e, mais especialmente, das crianças o L.P. recebeu um mail muito interessante… Trata-se de um vídeo de uma campanha que acho estar bastante bem conseguido. A ideia é partilhá-lo e espero que funcione, supostamente é só clicar em


Caso não dê para se ver o vídeo (Parental Violence) neste blog, sempre podem tentar vê-lo em:

http://media.putfile.com/Parental-violence ou

http://www.dailymotion.com/tag/violence/video/211619



P.S.1: Parabéns e muitas felicidades para todas as CRIANÇAS – com estes votos incluo as pequenas crianças que continuam a existir dentro de cada um de nós, e que devíamos deixar mais vezes assumir o controlo.

P.S.2: Ah! E Parabéns para uma “criança” que nasceu (há 30 anos) neste dia especial: a Marta!


* Aproveito também para agradecer o livro – a literatura faz sempre bem à alma…