Friday, April 28, 2006

"Epá!"

Não, não vou falar do gelado que fazia as delícias da nossa infância (tinha – e ainda tem – pastilha e tudo!).

Neste post vou colocar um mail que me foi enviado pelo Matteo – um amigo italiano que adorou Portugal (a praia, o mar, a gastronomia, …) e que depois de se ter apaixonado por tão belo “cantinho à beira-mar plantado” durante a estadia de uma semana para uma conferência, resolveu que tinha de voltar para umas férias de um mês! Até aprendeu a falar português em cerca de 2 meses! A paixão tem destas coisas ;) Claro que facilita ele ser uma pessoa inteligente e ter grande apetência e competência para as línguas :P.

Acho que o e-mail dele* e a forma como ele descreve a situação são bastante elucidativos.

*Nota: A estrutura foi mantida e só foram corrigidos erros de dactilografia. As outras pequenas incorrecções de Português deixei de propósito – acho que é mais genuíno e também mostra como a nossa língua soa a estrangeiros J.

-----Message d'origine-----
De : Matteo
Envoyé : jeudi, 20. avril 2006 11:24
Objet : Epá!

“Ainda parecia-me esquisito quando, depois de escrever um mail ao Hôpital Cantonal para pedir uma info recebi uma RESPOSTA (em Itália nunca acontecía...), mas hoje os suiços passaram-se mesmo.

No dia 14 de Avril escrevi um mail ao CFF (os comboios suiços) para queixar-me que, quando comprei o bilhete para a Maja vir para a Itália, o site disse-me que tudo estava pago pelo meu cartão, mas de facto eles nunca tiraram o dinheiro daí e a Maja teve q pagar o bilhete no Cornavin [estação de comboios central de Genève – Gare de Cornavin].

Bem, hoje de manhã o telemóvel tocou (número "witheld") e era um homem com um claro acento alemão mas que perguntou-me se eu prefería falar italiano e depois FALOU ITALIANO mesmo se era difícil para ele.

Disse que queria mais detalhes sobre o problema do mail. Eu expliquei, e chegamos à conclusão que, como eu tinha escolhido de ir buscar o bilhete na estação, o site não devería pedir para o cartão, pois paga-se direitamente aí.

Disse que vão mudar isto no site quanto mais cedo for possivel e perguntou-me se a coisa foi causa de problemas financiarios para mim, que eles pudian pagar-me o que eventualmente tinha perdido por causa disto.

Pá, vão mudar. Tu encontras um problema, escreves um mail à sociedade dos comboios nacionais, e eles mudam...

Sem palavras.”

Thursday, April 27, 2006

Bom dia!

[“Ai como é bom assim acordar, abrir a janela e a energia no ar...” (ao escrever “Bom dia” lembrei-me de uma parte de uma canção do Paulo Gonzo – deveria ser interessante estudar as minhas associações livres! Mas vamos ao que me interessa e inspirou a escrever este post).]

Realmente bom é receber logo pela manhã um sorriso terno e genuíno de uma criança desconhecida, uma menina/bebé que no seu caminho de exploração do meio que a rodeia tem tempo de olhar para os transeuntes e de sorrir, com um sorriso iluminado pelos seus olhitos azuis “mar das Caraíbas”!

Wednesday, April 26, 2006


Porque em Portugal ainda é 25 de Abril – embora na Suiça, com uma hora a mais já não o seja.

Liberdade

“Liberdade, liberdade, quem não tem chama-lhe sua. Eu não tenho liberdade nem para põr o pé na rua...” Ao pensar no dia de hoje e em ser feriado em Portugal (sortudos!), lembrei-me de uma canção que ouvia em pequena.

A verdade é que muita coisa mudou desde o 25 de Abril de 1974, mas também é verdade que nem todas as mudanças foram necessariamente para melhor. Acho que no processo se esqueceu que a Liberdade implica Responsabilidade – algo que dificilmente é incutido na cultura portuguesa (basta ver a Justiça e a classe política).

Outra ideia que me passou pela cabeça: a Liberdade é grátis (free)! Pelo menos deve ser esta a ideologia dos americanos, ao apregoarem que a América (EUA) é o “País da Liberdade”, estando acessível a todos!



[To be continued…

Pois bem, mais ideias ficam para ser discutidas depois e pôr este post mais composto, pois amanhã tenho de me levantar outra vez cedinho e tenho um deadline a cumprir... :) ]


Tuesday, April 25, 2006

“Nip/Tuck”* ou “A nova estética do blog”

Já tinha começado um blog (em documento Word, para não perder a ideia e poder ir acrescentando conforme haja tempo...) em que explicava que a estética do blog ainda ia sofrer alterações. A verdade é que já as sofreu, mesmo antes de eu ter oportunidade de publicar o blog! A obra tão eficaz e aprumada deve-se ao meu “geek” (private joke) da informática e do design – a ele (L.P.) um MUITO OBRIGADO!

Ah! E gostei mesmo da joaninha / lady bug / coccinelle / biedronka (embora continue a achar que “Biedonka” soe muito melhor!).

Acho que, mesmo assim, as alterações ainda vão continuar...

* Série de TV sobre dois cirurgiões plásticos. Série essa que pode provocar algum “vício”...

Monday, April 24, 2006

:)

Hoje telefonei e falei com pessoas de quem gosto! Sinto-me bem melhor!
Não é tão bom como estar com as pessoas "in loco" e ao vivo e a cores, mas por enquanto é o melhor que se pode arranjar... E hoje foi muito bom :)

Saturday, April 22, 2006

Taça de chá chinesa

Na visita a Locarno encontrámos uma loja dedicada ao chá e aos seus objectos. O sr. (que devia ser americano, pela aparência e fluência no inglês) era bastante simpático; a loja tinha coisas irressistíveis! Comprei uma taça de chá, com umas inscrições, que penso serem chinesas. Ora a taça tinha um papelinho dentro, com a tradução (em italiano) dos escritos inscritos na taça:

"Para manter a saúde boa:
- Menos carne, mais verdura
- Menos sal, mais azeite
- Menos açúcar, mais fruta
- Comer menos, mastigar melhor
- Menos roupa/vestimentas, mais banho
- Menos palavras, mais acções
- Pedir menos, dar mais
- Menos pensar, mais descanso/repouso
- Menos automóvel, mais andar a pé
- Menos cólera, mais sorrisos"

Tinha-me esquecido...

Tinha-me esquecido de como é difícil encontrar arco-íris à noite...

Friday, April 21, 2006

Just smile :)


Há dias que nem os símbolos tidos como universais, se nos apresentam da mesma maneira. Depende do nosso humor/estado de espírito... E até um smiley, pode não parecer uma cara alegre, por mais que nos esforcemos... Quando muito uma cara gozona...

Mas tem a sua piada, pois se não fosse o poder do nosso humor/estado de espírito (mood) e como isso afecta as nossas acções e percepções, eu não teria tese de doutoramento!

Outra coisa curiosa é que mesmo nos dias mais tristonhos, aparece um arco-íris para alegrar (um verdadeiro, ou em sentido figurado); para nos mostrar que a beleza vai aparecendo aqui e além! É só preciso estar com atenção!

De jacto a esguicho!






Como se pode
em apenas instantes mudar de estatuto?



Fácil: por aqui, o Jet d’Eau (Jacto de água - http://www.ville-ge.ch/fr/decouvrir/en-bref/jet.htm) que se orgulha da sua imponência e do seu tamanho (140 m) passou de “jacto” a “esguicho”! Pois... é o que dá haver uma comunidade enorme de portugueses sediados em Genève (números oficiais registam que são 10% da população, por isso, existem bem mais!). Estava eu no autocarro, quando oiço falar português (coisa bastante comum, aliás). Pela conversa, a parte feminina da família de uma portuguesa (diria que era uma conterrânea, mas a pronúncia era marcadamente do Norte, mais concretamente da zona do Minho ou Douro Litoral) tinham vindo visitá-la. Quando estavamos a passar numa das pontes de onde se pode avistar o Jet d’Eau, ela avisa: “Olha, ali fica o esguicho”. Não é que eu ache que uma cidade ter como ex-libris e como chamariz uma torrente de água disparada em direcção ao céu seja algo de apelativo, mas daí a ser um esguicho... Esguicho é mais o nosso, em Caxias...

A verdade é que assim há menos confusão, pois quando eu dizia ao Nuno, que estava a tirar umas fotografias (para a despedida de Genève e para a utilização da máquina digital nova): “Olha, esta ficava gira, com os dois jactos”. Ele retorquiu: “Dois?! Mas só há um!”. Ao que tive que explicar-me melhor: “Há dois: o de água e aquele que deixou o rasto branco no céu!

Adenda a “País em constante remodelação”

Talvez o esvaziamento do lago, a caminho de Luzern se deva não a obras na estrada próxima, mas sim à limpeza do próprio lago! A pista para esta brilhante descoberta veio de Annecy e mais especificamente de http://webalpa.net/. Em Annecy, que é uma região francesa bem próxima da suiça, existe um lago que passou pelo mesmo esvaziamento. Ora neste site (o que mencionei antes) explicam o porquê e os procedimentos utilizados, referindo, por exemplo, que os três anos de preparativos se resumiram a seis semanas de trabalho efectivo.

Parece que algum pessoal que vive próximo da fronteira suiça é contagiado pela mesma megalomania e limpeza! O que vendo bem, nem é algo de mau!


Mesmo com tecnologia avançada e medidas inovadoras relativamente ao trânsito e transportes colectivos, em Genève, os transportes públicos também têm de parar e de se atrasar quando há outros veículos (neste caso um grande camião) mal estacionados, a efectuar cargas e descargas.

Tuesday, April 18, 2006

Cores do céu...


Outra grande invenção foi a das câmaras digitais. E mais ainda quando o seu tamanho começou a ser cada vez mais reduzido de modo a caberem num telemóvel.
Pois desde que vim para cá, tenho um desses telefones modernaços que fazem mil e uma coisas, mas que eu só utilizo para duas: uma é para tirar fotografias e a outra é para fazer e receber telefonemas (imaginem só: um telemóvel que ainda dá para fazer telefonemas!).
Foi uma das minhas melhores aquisições, pois é compacto e já que ando sempre com ele, serve para ir captando os momentos, aquilo que me apetece partilhar e cuja imagem vale mais que mil palavras.
Foi num desses dias em que estou com mais atenção e disposição para o que me rodeia que apanhei as cores do céu, em Genève...

...e cores da terra


A foto não está muito boa, pois foi tirada ao final do dia, dentro do carro, num dia cinzento, que proporciona piores condições de luminosidade. Com estas condicionantes é preciso ter a câmara muito estável para não tremer, o que é um bocado difícil de conseguir com um carro em movimento. No entanto fica a ideia do momento que quis captar.
Talvez este seja um daqueles “desastres” que até acabe por resultar melhor, pois parece uma tela impressionista! Se o pessoal cerrar os olhos, ou vir mais de longe, os contornos parecem mais definidos.
A paisagem foi recolhida aquando da vinda de Locarno, onde estivémos este fim-de-semana. A viagem é mesmo muito bonita, espetacular. Passa-se ao lado de cascatas, por entre montanhas, sobe-se e desce-se de tal modo que a paisagem verde passa a ser totalmente branca e vice-versa. Acho que ainda foi em Itália que a foto foi tirada – pois para ir para Locarno (na Suiça) o caminho mais rápido é atravessar Itália!
O que mais gostei foi do jogo de cores: o rosa e tons de laranja e vermelho (num misto de Outono e Primavera); o dourado (reminiscência do Outono); o branco (lembrança da neve que cai com mais intensidade no Inverno, e que ainda vai caindo nas montanhas mais altas da Suiça) e o verde (adiantando a Primavera e Verão e tudo o que com eles floresce).

Arc-en-ciel, na Suiça


Mais propriamente em Genève, vista do gabinete 5154 (5º piso) do edifício Uni-Mail, em 25 de Fevereiro de 2006.

Arco-íris, em Portugal


Mais propriamente em Macedo de Caveleiros (Trás-os-Montes), em 30 de Dezembro de 2005.

Locarno... By night!


Isto de se ter comprado um tripé foi uma grande ideia! É fantástico o resultado que se pode obter com um tripé e com tempo de exposição. (Claro que escolher uma paisagem bonita também ajuda.)
Para o fotógrafo (além da máquina fotográfica, e do rolo, e da máquina digital, e dos produtos de revelação, e de ... enfim, uma panóplia de outros objectos relacionados com a fotografia) talvez esta seja "a maior invenção desde a roda" (como diria o Markl)!

País em constante remodelação


No final de Fevereiro reparei que tinham posto umas madeiras novas em volta de umas árvores em Planpalais, ou seja, tinham substituído as antigas. A moldura em volta das árvores serve de banco e fica engraçado.

Em final de Fevereiro também, numa viagem até Luzern, passámos por um lago cuja grande parte da água tinha sido escoada. Motivo aparente: estavam a fazer obras na estrada próxima.

Parece que por aqui o lema é: “mais vale prevenir que remediar” e então é frequente assistir-se a grandes obras. Obras monumentais mesmo, de reconstrução, reabilitação ou de melhoramento.

A começar em 2007 vão ser as obras para a estação de caminhos-de-ferro – eles consideram que a Gare de Cornavin não é nem bonita nem muito prática, como tal vão refazer tudo. E já agora aproveitam e vão ligá-la à Gare de Eaux-Vives (outra gare que existe em Genève). E viva a megalomania!

Estão também a fazer obras para extender o eléctrico até ao CERN (Centre Européenne de Physique Nuclear), na Rive Droite (margem direita do rio/lago) e o trànsito à entrada/saída de Genève começou a ficar caótico. As obras ainda vão demorar cerca de três anos, porque o pessoal embora seja eficaz, é lento – mas realmente “depressa e bem não há quem”.

A verdade é que deste modo mantêm a economia a funcionar: criam mais postos de emprego constantemente e em diversas áreas, incluindo na investigação e desenvolvimento de tecnologia. É verdade que também para isto é preciso ter dinheiro, para pôr tudo a mexer e que no fim dinheiro atrais mais dinheiro. Felizmente é a política inversa à de Portugal que quando tem dinheiro (dos diversos fundos europeus) o que quer é que ele fique paradinho e não se investe, porque para investir também o Estado tinha que pôr algum e como o retorno não é a curto prazo, mas sim a médio ou longo prazo, então não se faz nada e consequentemente a produtividade vai-se extinguindo (para regozijo de outros países membros da União Europeia). Nada atrai nada... A lei da inércia* explica.


*Segundo a edição de 1726:
Corpus omne perseverare in statu suo quiescendi vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus illud a viribus impressis cogitur statum suum mutare.

Todo o corpo permanece no seu estado de repouso, ou de movimento uniforme rectilíneo, a não ser que seja compelido a mudar esse estado devido à acção de forças aplicadas.

Glaces des Alpes – o gelado

Não o “gelado” em termos de frio, mas "gelado" em termos de “nham nham”!
O primeiro gelado que comi este ano na rua (isto é, que não foi em casa de ninguém, nem na minha, que não são daqueles que se tem no congelador) foi em Genève, no aeroporto, antes de ir para Lisboa (a 24 Março). Era muito bom, e como já sei a marca (“Glaces des Alpes”), agora é só procurá-la noutros locais mais perto de casa e da Faculdade.
Ah! Entretanto já repeti. Já voltei a comer gelado em Genève e em Locarno. (A ver se arranjo um mapa da Suiça, para pôr no blog para o pessoal se ir localizando.) Não é que o tempo esteja assim muito quente, eu é que adoro gelados!

Tuesday, April 11, 2006

Nota riscada


Isto de se ser ignorante e não andar frequentemente com notas de 200 chf (francos suiços) tem destas coisas... Chegou-nos às mãos uma nota de 200chf, e reparei que tinha coisas escritas, numa letra miudinha, que parecia personalizada. Como lhe chamei à atenção, o LP disse-me que achava que já tinha tido essa nota nas mãos, essa mesma nota – a não ser que todas fossem assim, mas após um período de reflexão e observação, disse que achava que as notas de 200chf não tinham aquilo escrito. Isto não há nada como recolher mais opiniões e de pessoal suiço, que é mais fidedigno, e não é que a nota que até mereceu fotografia é igual às outras todas de 200chf?! Pronto, igual, igual, não é, porque esta mereceu foto, algum tempo de observação minuciosa (em que concluímos que tinha sido mesmo alguém a pegar numa caneta e a escrever na nota) e ainda (tipo “1,2,3”) originou umas boas risotas!

Anel no dedo e casamentos

Foi curioso reparar que na minha equipa somos, actualmente 6-7 pessoas. Bem, passo a explicar: quando entrei para a equipa, o Ralph estava de saída pois terminou o doutoramento, mas como continua ligado à Faculdade, por vezes ainda está ligado à equipa. Depois, em Fevereiro, foi feita uma nova “aquisição”: uma colega alemã que começou agora em Abril, mas que está noutro edifício.
Pronto, neste momento: é o meu prof. Guido (alemão), a Kerstin (alemã), o Michael (alemão), o Nicolas (meu colega de gabinete, suiço-francês), a Sylvia (alemã) e eu (portuguesa); o Ralph (alemão) é mais ou menos: mais para as jantaradas e reuniões recreativas de equipa, menos para a partilha de gabinete no mesmo piso (5º) e almoços, pois ele mudou-se para o 3º piso. Assim, sem contar com o Ralph, somos seis e finalmente em igualdade: três raparigas, três rapazes.
O que é curioso é que todos eles são casados e usam anel no dedo! Sinceramente, não me lembro de em Portugal ter prestado atenção a este assunto, mas tenho a ideia que os homens usam menos o anel de casamento... (Talvez seja uma ideia errada, baseada numa fraca amostra, não representativa da realidade portuguesa, e numa forte amostra, não representativa da realidade suiça-francesa e alemã). As meninas são comprometidas, mas só a Sylvia tem anel fininho (e não grande e largo, como o dos “rapazes” da equipa) no dedo.
Futuras evidências empíricas procuram-se...

1ª ida ao cinema, na Suiça!

Ontem fui pela primeira vez a um cinema na Suiça. Algo de emocionante, pois tinham-me avisado que era confuso ver um filme aqui: ou estava dobrado em Francês ou se vemos a versão original em Inglês, temos legendas em Francês e Alemão! Pronto, não foi assim tão emocionante – nada que se compare ao nevão, em que o carro alugado não tinha pneus de neve e que depois nas curvas andava de lado (aventura a ser contada num próximo post)! Até é bastante educativo, aprende-se/melhora-se as 3 línguas: se não percebermos algo numa delas é só procurar/prestar atenção às outras!
O que também é digno de nota (e foto) é a sala, que mais parecia uma mistura entre sala de cinema e teatro. A inclinação quase que era inexistente, mas as cadeiras eram do melhor – grandes e com costas que se mexiam (dava para empurrar para a frente e para trás).

Até os insectos respeitam o alheio! (Ou não, ou não) [21/Mar/2006]

Pois é, os insectos por aqui não são assim muito chatos, em geral são respeitadores e deixam-se ficar no seu canto. Só chateiam se os forem chatear. Pelo menos, os que começam a aparecer por casa e depois de conversa com o Nicolas. A excepção é para os insectos junto ao lago, que esses sim, atacam. (Mas também já é abusar, ir para o “território” deles e estar à espera de ser bem recebido! O pessoal vai fazer um pic-nic e é um 2 em 1: pic-nic para os humanos e para os insectos que picam os humanos!).

Novos amigos - parte II [21/Mar/2006]

Sebastian, colega do Geneva Emotion Research Group, conheci-o dia 20.03.2006, quando veio perguntar ao Nicolas se queria ir almoçar com ele. Acabámos por almoçar todos juntos, incluindo com o pessoal do LP (Uni-Dufour: Sérgio, Matteo, Xavier, Gäelle e Yanick). A malta toda aumentou a confusão, ou seja, falava-se em francês, inglês e até português!
O à-vontade dele (Sebastian) é que foi cómico. Achei-lhe piada, porque como não comi tudo (deixei um bocado de arroz e esparregado), ele perguntou se eu não ia comer e se ele podia comer! Foi inesperado, principalmente, porque não o conhecia bem e porque ele não esteve com cerimónias – usou os meus talheres e tudo, na boa! Sabia algumas palavras de português, como “cafezinho”. Veio com um colega (Tobias), que namora com uma portuguesa e, por conseguinte, está a aprender português.
Realmente ele deu um novo sentido à canção “Sebastião come tudo, tudo, tudo. Sebastião come tudo sem colher...”, pois, não precisa, porque usou os meus talheres!

Novos amigos [14/Mar/2006]

Ontem fui parte do caminho (até metade do caminho até à Faculdade do LP) com um colega. Pertence a outro grupo de trabalho (do Prof. Franz Caspar). Chama-se Robert. Entrámos e saímos juntos no elevador e continuamos a falar pelo caminho, até ele ficar pelo COOP.
O Robert é metado suiço, metade inglês. É simpático. Fez-me várias perguntas: se estava a acabar a tese; de onde era a minha irmã; há quanto tempo cá estava; como tinha arranjado o doutoramento cá; etc. Ah! E disse que eu falava bem francês! O pessoal por aqui é bem simpático (mentem bem ;) ).
Já tinha falado com ele 2ª feira (06/03/2006), quando ele estava na mesa de recepção para o Workshop que durou a semana inteira e que foi organizado por um colega dele. Perguntei-lhe se era preciso inscrever-me na conferência que ia haver ao final do dia. Expliquei-lhe que não sabia se conseguia ir, pois ia levar a minha irmã ao aeroporto e não sabia se conseguia chegar a tempo.
Foi curioso termos ficado a falar... Já tinha sentido um “clique”, daquelas coisas que não sei explicar, porque apenas se sentem (embora de maneira forte); acho que o “clique” indica que esta era uma daquelas pessoas que talvez valessem a pena. Pelo menos, ele cumprimenta sempre, a olhar nos olhos – “bonjour”, “salut”, sorriso, acenar de cabeça, ... Por aqui o pessoal que se cruza no corredor costuma ser educado e cumprimentar de alguma forma, geralmente, não-verbal, com um aceno da cabeça e/ou um sorriso.

E agora no final do dia, a propósito de um rapaz que veio à procura da nova colega que trabalha no gabinete ao lado, conheci mais uma pessoa – conhecia-a a ela! Ao dar-lhe o recado, apresentámo-nos. Ela também já me tinha parecido bem simpática. O único “problema” é que ela, fisicamente, me faz lembrar uma colega da Faculdade de quem eu não gostava muito. No entanto ao contrário dela, esta parece bem simpática, bem-disposta, faladora.
Acho que a Judith (é este o nome dela) é também alemã, tem 24 anos e está a fazer doutoramento com o grupo do gabinete ao lado, que é de Psicologia Diferencial.

Qualquer semelhança com realidade será pura coincidência?! [10/Mar/2006]


Curioso, nos primeiros tempos que cá estive, houve muita gente que me pareceu familiar... As pessoas que conhecia iam-me lembrando alguém que já conhecia também... Não é que fossem “parecidos”, mas havia algo que me fazia lembrar alguém de quem gostava/gosto, pessoas de referência e importantes ao longo da minha vida... Amigos, com “A” grande!
Actualmente, é menos frequente isso acontecer. Bem, na realidade, não tem sido menos frequente, tem é acontecido com estranhos e não com pessoas que me sao apresentadas através de outras já minhas amigas. É engraçado, pois actualmente, o grupo inicial de pessoas que conheci (através de quem já cá estava), tem uma identidade própria – isto é, actualmente, já não me fazem lembrar esta ou aquela pessoa, pois eles (e elas) ganharam identidade própria!
Lembrei-me do livro “A Profecia Celestina” que refere que quando nos cruzamos com alguém que nos faz lembrar outra pessoa que conhecemos, o melhor é ir falar com ela, pois o mais certo é ter alguma informação útil para nos dar (mesmo que na altura, não nos faça completamente sentido, mais tarde ou mais cedo, a pista/peça dada encontrará o seu lugar no complexo puzzle que é a vida). Não sei se será esta teoria a seguir ou não, é apenas uma entre muitas... A verdade é que, sobretudo no início, é bom ter pontos de referência, mesmo que esses pontos de referência estejam alojados na memória (e não é lá que estão a maior parte deles?!). É bom, dá uma sensação maior de segurança. Há algo que nos liga ao que tínhamos como certo, do local de onde viémos, e isso ajuda a fazer a transição para o local onde estamos e para onde vamos.
Em termos mais técnicos e “frios”, pode ser apenas uma estratégia de coping (isto é, estratégias para lidar com situações adversas). Pode ser que ao irmos para um local novo, procuremos nele referências do local de onde viémos, de forma a não sentir tudo como tão novo e diferente, de forma a que a transição/a passagem/a mudança, seja mais suave e menos dolorosa (sim, porque a mudança não é necessariamente má – geralmente, até é boa – mas, que lá provoca resistência, constrangimentos, dor e mobilização de esforço e de recursos, provoca!).
No fundo permanece a questão: “Qualquer semelhança com realidade (outrora conhecida) será pura coincidência?!”. Mas será que vale a pena responder? (“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”... Mas como “tudo”, é uma palavra demasiado lata e abrangente,) neste caso talvez o melhor seja mesmo aproveitar quando realidade, recordação, imaginação e inexplicável se misturam e confundem...

Os picas... novamente [10/Mar/2006]


Hoje lá entraram eles novamente “a matar”, mas desta vez foi no autocarro. A rapidez e eficiência, essa, foi a mesma!

Observar o observador [02/Mar/2006]

Acho que já foi no inicio do mês de Fevereiro que vi uma menina pequenina, num carrinho-de-bebé. (Bem, na realidade, tenho visto inúmeras crianças, mas não convém dispersar.) Acho que era uma menina, pelo menos sobressaiu o cor-de-rosa da roupa e a atenção que ela colocou na conversação de outras pessoas – é dificil distinguir o género das crianças até uma certa altura, quanto mais quando estão atafulhadas em roupa de Inverno! Ia no mesmo tram (eléctrico) que eu... À frente do seu carrinho, de lado para ela, sentadas, estavam duas raparigas (cerca de 13, 14 anos) que pelo aspecto, conversa e língua falada, deviam ser americanas. Foi engraçado observar quem observava. A bebé olhava atentamente para as raparigas, talvez tentando entender a língua diferente que elas utilizavam. De vez em quando batia com o pézito na parede do autocarro. Depois voltava a olhar para elas atentamente...

Se não existe será que é real? [02/Mar/2006]

No fim-de-semana, em Luzern, depois de jantar íamos (Filipa, LP e eu) a caminho da zona central da cidade, quando reparo no chão num ferrinho pequeno, espécie agulha de crochet. O LP diz, enquanto me abraça, carinhosamente diz: “Esta rapariga não existe! Só mesmo tu para reparares no que mais ninguém repara!”. Ao que a minha sábia irmã acrescenta: “Vê lá... Tu não deves andar muito bem... Namoras com uma rapariga que não existe, num país que não existe!”