Thursday, November 16, 2006

Anna, Arménia e Psicologia

A Anna é da Arménia. Tirou o curso de Psicologia na Suiça, acho que em Genève. Os pais são ambos médicos: o pai é cirurgião, a mãe é ginecologista; queriam que ela seguisse Medicina ou Advocacia. Comos e pode constatar, há coisas que são universais – não que eu me possa queixar, porque tive muita sorte nos pais que tive! Felizmente os meus pais sempre respeitaram e apoiaram as opções que fiz, não tendo pressionado em nenhum sentido, nem influenciado a minha escolha profissional – aspectos pelos quais os admiro muito e lhes estarei eternamente grata.

Como a Umida (colega armeniana da Maria, de Essex) já me tinha explicado, a Psicologia na Arménia não é muito popular. Ela tinha-me dito que era por questões culturais, por serem uma cultura fechada e por contarem muito com família, vizinhos e amigos. Coloquei a questão à Anna que me deu mais alguns detalhes: não passa pela cabeça de ninguém expôr os seus problemas a estranhos, sobretudo quando pode recorrer a algum mebr próximo seja da família ou não. Esta grande coesão, que vem desde que a Arménia pertencia à URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), torna também desnecessária a função de baby-sitter, pois haveria sempre alguém para olhar pelas crianças. A Anna disse que ela foi excepção e teve uma ama (russa, considerando ela o russo como a sua segunda língua materna), mas que esta situação era reservada a famílias com dinheiro. No caso dela, adicionava-se o facto de ambos os pais serem médicos, com horários irregulares, o avô ser prof. universitário, viajando frequentemente, e a avó estar ligada a importações-exportações, também viajando muito.

Actualmente, após a separação da URSS, com a guerra, com alterações políticas e sociais, surgiram mais dificuldades económicas, que potenciam problemas sociais como a toxicodependência. Neste contexto, talvez os psicólogos comecem a poder ter um papel mais importante a desempenhar na sociedade armeniana. Quanto à investigação em Psicologia, os financiamentos são escassos, pois é dada prioridade às Ciências ditas Exactas – outro aspecto que parece universal. Espero que um dia a visão acerca da Psicologia mude e que se aceite que também é uma Ciência por direito, sobretudo se se relembrar que a Matemática, embora seja tão exacta considera sempre uma margem de erro, desvios-padrão, ...

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